Que autoridade moral tem uma pessoa que, envergando a toga de ministro do Supremo Tribunal Federal, declara que fraudou o texto da Constituição de 1988, introduzindo artigos que não foram discutidos e, muito menos, votados no Plenário? E assim procedeu, aproveitando-se da missão que lhe foi atribuída, como integrante da Assembleia Nacional Constituinte, de redigir o texto definitivo da Carta Magna. Depois, dividiu a responsabilidade do seu ato com o “Senhor das Diretas”, o então Presidente da Assembleia, que, já falecido, não pode mais se defender das acusações de conluio em tal ilícito penal.
Por que fazer tal declaração publicamente? Por fanfarronice? Por se julgar também um homem incomum, acima das leis do próprio país, mesmo que delas tenha sido, supostamente, o seu mais importante guardião, quando exerceu o cargo de Presidente da mais alta corte? Por acreditar na impunidade vigente neste país, principalmente para os donos do poder?
Que autoridade moral tem uma pessoa desse tipo para exercer o cargo de Ministro da Justiça do Brasil, depois de cometer um dos mais graves crimes de falsidade ideológica, prevaricação e estelionato político?
Que autoridade moral tem tal pessoa para ser investida no cargo de Ministro da Defesa, com a incumbência de chefiar e coordenar o importante trabalho de instituições permanentes, regidas pelas virtudes da verdade e da ética, bem como pelo ideal da defesa intransigente dos mais caros valores do Brasil?
Que autoridade moral tem uma pessoa dessa natureza para, como subalterno de uma política de governo equivocada, colaborar para a decisão na possível compra de valiosos equipamentos para as Forças Armadas, com preços bem superiores aos do mercado internacional e sem nenhuma observância aos pareceres técnicos de especialistas militares?
Que autoridade moral tem uma pessoa assim para vestir, sem a devida competência, a farda do glorioso Exército de Caxias e de tantos ilustres chefes militares, que a honraram no passado e continuam honrando-a no presente, numa inequívoca demonstração de que pertencemos, em todas as épocas, a uma Instituição que fez da história da Pátria a sua própria história?
Que autoridade moral tem uma pessoa que, na busca dos holofotes de dividendos eleitoreiros, procura calar a voz da verdade, com atos de represália a altos chefes militares que, por dever de consciência e de ofício, apenas procuram alertar a Nação para o perigo que representa deixar o Estado Brasileiro nas mãos de fanáticos?
O Exército não é uma confraria formada, como tantas outras neste país, por homens que no passado furtaram bem público de uma instituição de ensino superior, mesmo com a alegação dos arroubos da juventude. Não é, também, uma confraria constituída por homens que fraudam a fé dos brasileiros e disso ainda se vangloriam. Os sinos não dobrarão pelos covardes, aproveitadores e traidores da Pátria.
Mas, os brasileiros podem ter a absoluta certeza de que o Exército Brasileiro, assim como as Forças co-irmãs, é uma instituição secular de homens e agora também de mulheres, que juraram defender a Pátria, até mesmo com o sacrifício da própria vida, de acordo com os preceitos constantes em todas as nossas Constituições, que jamais puderam ser fraudados, mesmo no papel, pois fazem parte da alma brasileira.
Em 11 de fevereiro de 2010.
Luiz Osório Marinho Silva - Cel Eng. da Reserva (Turma Marechal Castello Branco – AMAN / 1971)
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