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Saturday, June 12, 2010

CARTlA A UM AMIGO PETISTA (Frei Betto)

Enviado em: sábado, 12 de junho de 2010 07:52

Para: undisclosed recipients:

Assunto: Enc: CARTlA A UM AMIGO PETISTA (Frei Betto)



Frei Beto teve a oportiunidade de dizer das falcatruas de seu PT, mas fazia parte do governo e tudo era jogado para debaixo do tapete, somente agora é que vem dizer de publico que o PT perdeu o seu rumo? Perdeu a sua ética e sua ótica? Juntando-se a Color de Melo, a José Sarney, a Renan Calheiros e tantos outros que mesmo sendo ficha suja aindam dão as cartas nesta reopubliqueta de bananas? E para tristeza de todos, ainda quer eleger a Dilma/Vanda? Que coisa feia Frei Beto, o povo não merece tamanha afronta....

--- Em sex, 11/6/10, Maria Tereza Pontes escreveu:


De: Maria Tereza Pontes
Assunto: Enc: CARTA A UM AMIGO PETISTA (Frei Betto)
Para: "Karla Sant'Anna" , "Ana Beatriz Lewgoy" , "monica mayr" , "euglaudston celestino" , "André Garés" , biafalbo@globo.com
Data: Sexta-feira, 11 de Junho de 2010, 15:11



Esta veio de um amigo que, como eu, não se filia a nenhum partido político. Um beijo grande, saudoso e sem nenhuma ilusão. Ezza.

----- Mensagem encaminhada ----
De: Hugo&MariaCandida
Para: Undisclosed-Recipient@yahoo.com
Enviadas: Quinta-feira, 10 de Junho de 2010 23:26:21
Assunto: CARTA A UM AMIGO PETISTA (Frei Betto)

ESTADO DE MINAS

BELO HORIZONTE, MG, 10 DE JUNHO DE 2010



Carta a um amigo petista



FREI BETTO

Escritor, autor de Diário de Fernando – nos cárceres
da ditadura militar brasileira (Rocco), entre outros livros.




Meu caro: sua carta me chegou com sabor de velhos tempos, pelo correio, em envelope selado e papel sem pauta, no qual você descreve, em boa caligrafia, a confusão política que o atormenta. Pressinto quão sofrido é para você ver o seu partido refém de velhas raposas da política brasileira, com o risco de ser definitivamente tragado, como Jonas, pela baleia... sem a sorte de sair vivo do outro lado. A política é a arte do improviso e do imprevisto. E como ensina Maquiavel, trafega na esfera do possível. O sábio italiano foi mais longe: eximiu a política de qualquer virtude e livrou-a de preceitos religiosos e princípios éticos. Deslocou-a do conceito tomista de promoção do bem comum para o pragmatismo que rege seus atores – a luta pelo poder.

Você deve ter visto o célebre filme O anjo azul (1930), que imortalizou a atriz Marlene Dietrich e foi dirigido por Joseph von Stemberg e baseado no livro de Heinrich Mann, irmão de Thomas Mann. É a história de uma louca paixão, a do severo professor Unrat (Emil Jannings) por Lola-Lola, dançarina de cabaré. Ele tanta aspira ao amor dela, que acaba por submeter-se às mais ridículas e degradantes situações. Torna-se o bobo da corte. Nem a cortesã o respeita. Então, cai em si e procura voltar a ser o que já não é. Em vão.

Pergunto-me se o PT voltará, algum dia, a ser fiel a seus princípios e documentos de origem. Hoje, ele luta por governabilidade ou empregabilidade de seus correligionários? É movido pela ânsia de construir um novo Brasil ou pelo projeto de poder? Como o professor de O anjo azul, a paixão pelo poder não teria lhe turvado a visão? Você se pergunta em sua carta “onde o socialismo apregoado nos primórdios do PT? Onde os núcleos de base que o legitimavam como autorizado porta-voz dos pobres? Onde o orgulho de não contar, entre seus quadros, com ninguém suspeito de corrupção, maracutaias ou nepotismo?”

Nunca fui filiado a nenhum partido, como você bem sabe e muitos ignoram. É verdade que ajudei a construir o PT, mobilizei Brasil afora as comunidades eclesiais de Base e a Pastoral Operária, participei de seus cursos de formação no Instituto Cajamar e de seus anteparos, como a Anampos e o Movimento Fé e Política. Prefeitos e governadores eleitos pelo PT me acenaram com convites para ocupar cargos voltados às políticas sociais. Tapei os ouvidos ao canto das sereias. Até que Lula, eleito presidente, me convocou para o Fome Zero. Aceitei por se destinar aos mais pobres entre os pobres: os famintos.

O governo que criou o Fome Zero decidiu por sua morte prematura e deu lugar ao Bolsa-Família. Trocou-se um programa emancipatório por outro compensatório. Peguei meu boné e voltei a ser um feliz ING, Indivíduo Não Governamental. Tudo isso narrei em detalhes em dois livros da Editora Rocco, A mosca azul e Calendário do poder.

Amigo, não o aconselho a deixar o PT. Não se muda um país vivendo fora dele. O mesmo vale para igreja ou partido. Há no PT muitos militantes íntegros, fiéis a seus princípios fundadores e dispostos a lutar por uma nova hegemonia na direção do partido.
Ainda que você não engula essas alianças que qualifica de “espúrias”, sugiro que prossiga no partido e vote em seus candidatos ou nos candidatos da coligação. Mas exija deles compromissos públicos. Lute, expresse sua opinião, faça o seu protesto, revele sua indignação. Não se sujeite à condição de vaca de presépio ou peça de rebanho.

Se sua consciência o exigir, se insiste, como diz, em preservar sua “coerência ideológica”, então busque outro caminho. Nenhum ser humano deve trair a si próprio. Quando o faz, perde o respeito a si mesmo, como o professor de O anjo azul. Mas lembre-se de que uma esquerda fragmentada só favorece o fortalecimento da direita. A história não tem donos. Muito menos os processos libertadores. Tem, sim, protagonistas que não se deixam seduzir pelas benesses do inimigo, cooptar por mordomias, corromper-se por dinheiro ou função. Nunca confunda alianças táticas com as estratégicas. Ajude o PT a recuperar sua credibilidade ética e a voltar a ser expressão política dos movimentos sociais que congregam os mais pobres e as bandeiras que exigem reformas estruturais no Brasil. Lembre-se: para fazer a omelete é preciso quebrar os ovos. Mas não se exige sujar as mãos.

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