O QUE
VOCÊ ENTENDE POR PAIDEIA
“Cada mudança em minha vida pode me transportar para um nível mais
elevado de compreensão. Posso criar memórias cheias de paz, boa vontade e
compaixão pelos outros. Sou paciente, tolerante e diplomático”. (Louise Hay).
A Grécia tem uma importância preciosa e fundamental na história da
educação e está inserida com muito sentido em nossa realidade educativa atual.
Ligada a uma concepção de formação educacional para o exercício de todas as
potencialidades do cidadão, a Paideia tem suas raízes na filosofia antiga e
seus conceitos fazem parte do écran da sociedade contemporânea. Os gregos
colocam a educação como problema, esse é o ponto de partida. Nesse ponto a
educação já é vista como problema. Na literatura grega podemos ver através da
história, os sinais de questionamentos do conceito, seja em qualquer área,
principalmente na poesia, na tragédia, ou mesmo na comédia, o conceito dado
pelos filósofos gregos sobre Paideia.
No século quinto, antes de Cristo, com os Sofistas e depois com
Sócrates, Platão, Isócrates e Aristóteles o conceito de educação alcança o que
seria o estatuto de uma questão filosófica. A ideia grega de Paideia estava
ligada a um local de formação educacional, que procurava desenvolver o homem em
todas as suas potencialidades, de tal forma que pudesse ser um melhor cidadão.
Marcos Carvalho Lopes afirma que definir ou atribuir o significado ao termo é
uma tarefa ingrata e sua interpretação tem variado com o passar do tempo, se
vinculado ao tipo de sociedade que se quer desenvolver ou mesmo,
preservar.
Entretanto, os ideais educativos da Paideia que vão ser desenvolvidos no
século V A.C., se norteiam em práticas educativas muito anteriores. Como
sublinha Werner Jaeger, renomado estudioso da cultura grega, num grande estudo
que é o tema de nossa matéria. Hoje o mundo está mais integrado economicamente,
sendo assim, muito importante questionar os aspectos totalitários presentes no
conceito clássico de Paideia que aparecia junto com a divisão de gregos, mesmo
aqueles que eram considerados iguais e tinha direitos políticos, isto porque já
eram reconhecidos como cidadãos. Os bárbaros, no entanto, eram considerados
inferiores e eram totalmente excluídos. (Jaeger, 1995:256), dizia: “Não se pode
utilizar a história da palavra Paideia como fio condutor para estudar a origem
da educação grega, por que esta palavra só aparece no século V”. Se a educação
está intrinsecamente vinculada aos valores que uma sociedade sustenta, seus
preconceitos aparecerão na organização de seu currículo, no sistema
educacional, na própria arquitetura dos espaços destinados è educação.
Vários questionamentos surgem, e no entender dos filósofos o que é
privilegiado nas escolas e nos conteúdos educacionais, é tido como natural, ou
normal? Quem seriam os privilegiados? Qual a razão? Por quê? Como esses
privilégios se estendem e se ficam perpetuando-se? Existe relação dos privilégios com a
manutenção da estrutura do poder e autoridade na sociedade? Questionamentos
importantes que denotaremos mais a frente. Queríamos enunciar que a palavra
Paideia deriva do grego paidos – criança, e que significava simplesmente a
“criação dos meninos”. Notamos como uma palavra causa tanto problemas e
complicações para se chegar realmente ao seu significado e importância para
todos nós. O significado inicial está muito longe do alto sentido que logo
adquiriu. Vemos nomes de grande notoriedade na história da humanidade se
referindo e estudando a Paideia.
O nome areté originalmente exprime o ideal educativo grego. Original, formulado e explicitado nos poemas
homéricos, a Arete é entendida como atributo próprio da nobreza, sendo um
conjunto de qualidades físicas, espirituais e morais. Exemplificando: “bravura,
coragem, força, destreza, eloquência, capacidade de persuasão, numa palavra, a
heroicidade”. “Convém salientar que a virtude (Arete) não vem da riqueza, mas
sim a riqueza da virtude, bem como tudo o que é bom para o homem, na vida
particular ou na vida pública”.
(Platão, cit. In Cordón & Martinez, 1995: p. 110). É complicado, mas
temos que chegar a um denominador comum. Olga Pombo, diz que: “Se queremos
encontrar um fio condutor que nos guie ao longo da história da história grega e
que lhe dê unidade, encontramo-lo no conceito de Arete, tema essencial da história
da educação grega, que remonta aos tempos mais antigos”. É este o conceito que
exprime a forma primeira do ideal educativo grego. Não é por acaso que, nas
grandes discussões sobre educação que o séc. V A.C., conhece, os dois conceitos
– Paideia e Arete- que estão sempre presentes. A areté é uma
superioridade ou uma excelência própria da nobreza, um conjunto de qualidades
físicas, espirituais e morais tais como a bravura, a coragem, a força, a
destreza do guerreiro, a eloquência e a persuasão e, acima de tudo, a
heroicidade, entendidas como a fusão da força física com o sentido moral, como
frisamos antes. Em Homero, na Itália e na Odisseia, a areté aparece pela
primeira vez de uma forma bastante explícita. Em ambos os casos, a areté não é algo que seja dado, mas
sim conquistado e conscientemente procurado. No entanto, se bem que o ideal
homérico de homem - o herói – seja definido pela
areté, o modo de concebê-la nas
duas grandes obras de Homero não é igual.
As “fronteiras da civilização” como afirma novamente Marcos Carvalho
Lopes, não deixam de existir em nossa sociedade e aceitar algum ideal de
homogeneização normalizadora é algo que pode trazer resultados nefastos.
Existem três visões da Paideia na Grécia antiga. O filósofo japonês Morimichi Kato descreve
três perspectivas diferentes em relação ao ideal Paideia grega e, a partir
delas, desenvolve uma narrativa para pensar o significado desse termo em
relação à verdade e à educação do homem. Vejam como educar o homem é difícil.
Já nos estendemos bastante sobre o assunto e ainda nos resta muita coisa para
enunciar e explicar. A primeira perspectiva fundada por Heráclito e Parmênides
foi marcada pelo autoritarismo de quem defende uma ideia de verdade absoluta e
atemporal, que só poderia ser alcançada por alguns poucos homens.
A segunda perspectiva, mais “democrática’, foi desenvolvida pelos
sofistas”. Pensadores como Górgias e Protágoras ridicularizaram a ideia de
Parmênides de uma verdade absoluta, atemporal e imutável. A ideia de que “o
homem é a medida de todas as coisas”, desenvolvida por Protágoras, apontaria
para uma posição relativista na qual existiriam tantas verdades quanto
perspectivas humanas. A visão dialógica desenvolvida por Sócrates seria a
terceira forma de percepção da Paideia. Ela surgiu em confronto com visão
relativista dos sofistas e apareceu nos primeiros diálogos de Platão e em parte
de seus escritos de meia idade. Esses diálogos são chamados de aporéticos (por
não apresentarem nenhuma teoria de modo afirmativo). Enfim, se o objetivo
fundamental era a educação e formação individual do homem como Kaloskagathos, a
partir do século V A.C., exige-se algo mais da educação. Além de formar o homem
deve formar o cidadão A
antiga educação, baseada na ginástica, na música e na gramática deixa de ser
suficiente. É então que o ideal educativo grego aparece como Paideia, formação geral que tem por tarefa construir o homem
como homem e como cidadão. Platão define Paideia
da seguinte forma "(...) a
essência de toda a verdadeira educação ou Paideia é a que dá ao homem o desejo
e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer,
tendo a justiça como fundamento" (cit. in Jaeger, 1995: 147). Do
significado original da palavra Paideia como criação dos meninos, o conceito
alarga-se para, no século IV. A.C., adquirir a forma cristalizada e definitiva
com que foi consagrado como ideal educativo da Grécia clássica. Como diz Jaeger (1995), os gregos deram o
nome de Paidéia a "todas as
formas e criações espirituais e ao tesouro completo da sua tradição, tal como
nós o designamos por Bildung ou pela palavra latina, cultura.”.
Daí
que, para traduzir o termo Paideia "não
se possa evitar o emprego de expressões modernas como civilização, tradição,
literatura, ou educação; nenhuma delas coincidindo, porém, com o que os Gregos
entendiam por Paideia. Cada um daqueles termos se limita a exprimir um aspecto
daquele conceito global. Para abranger o campo total do conceito grego,
teríamos de empregá-los todos de uma só vez." (Jaeger, 1995: p. 1).
Finalizando como está implícito no site:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/paideia/conceitodepaideia.htm/Na
sua abrangência, o conceito de Paideia não designa unicamente a técnica própria
para, desde cedo, preparar a criança para a vida adulta. .
A
ampliação do conceito fez com que ele passasse também a designar o resultado do
processo educativo que se prolonga por toda vida, muito para além dos anos
escolares. A Paideia vem por
isso a significar "cultura
entendida no sentido perfectivo que a palavra tem hoje entre nós: o estado de
um espírito plenamente desenvolvido, tendo desabrochado todas as suas virtualidades,
o do homem tornado verdadeiramente homem" (Marrou, 1966: 158). Qualquer pessoa que tome uma
atitude paternal, ou outra boa atitude, irá irradiar energia e vitalidade. Não
faltará amor para conhecer o que ainda é desconhecido, amor pela ação que
vitaliza e ancora aquilo que foi vitalizado. A energia do “pai” dentro de nós
inspira a vivacidade e torna consciente o valor de saber usar amorosamente à
vontade para estimular a verdadeira criatividade. Sonia Café recomenda: “comece
a fazer hoje o que disse que ia fazer ontem. Solte o último fiozinho de
desconfiança que impede você de relaxar completamente. Libere as rugas da testa
preocupando-se menos e ocupando-se mais com as dádivas que o momento presente
nos traz. Observe o voo de um pássaro”. Voe com ele. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES- MEMBRO
DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AVSPE- DA ALOMERCE E DA AOUVIRCE
No comments:
Post a Comment