UM DIA TENEBROSO
FUNESTO E DE MUITA DOR.
A alegria enternece o coração, a tristeza o
dilacera, o presente assevera e o futuro é incerteza. Jovens na flor da idade
com futuros brilhantes se preparam para uma festa. De pura genialidade planejam
angariar fundos para complementar os seus estudos com estilo e beleza, solenidade
preparada, convites distribuídos, famílias em alegria, após a solenidade o
azimute os direcionam a um show de brilhos, mas não é seresta.
O contentamento invade o ego de diversos estudantes
universitários de uma cidade de nome Santa Maria, nos rincões do Rio Grande,
nos pampas, no Centro Universitário eles se completam em atividades
alvissareiras, pois quem madruga Deus ajuda, diz o clichê popular, no entanto,
a vida nos prega peças sem a menor ironia. Ao local do show eles se deslocam e
lotam a boate, é uma alegria só, é um contentamento sem ações sorrateiras.
O som da música fazem corpos se movimentarem,
o requebrado das formosas universitárias encantam os presentes. O embalo aumenta
e um barulho prazeroso no escuro da casa, faz delirar e palpitar os corações
joviais. Balanços, requebrados, alegrias e emoções de uma bela festa que vira a
madrugada com momentos lucilentes a primeira banda se apresenta, todos aplaudem
e o ar de satisfação continua a deslumbrar sempre mais.
Kiss é o nome da boate, a mais preferida pela
jovialidade da cidade, porém ninguém imaginou o perigo que rondava aquela casa.
Segurança é o ponto forte que devemos nos aperceber, mas a alegria e a vontade
da diversão falaram mais alto, pois somos gente. Em certo momento, um
componente de outra banda ao iniciar a apresentação, resolve dar um brilho
especial ao local fazendo uso de um sinalizador que deixariam todos
estupefatos. Um clarão iluminou como enorme raio a sala de espetáculos, ninguém
jamais esperaria, que aquele artifício viesse gerar um clamoroso acidente. O
artefato atinge o teto da boate confeccionado com materiais altamente
inflamáveis, tóxicos e mortais. A chama se alastra rapidamente e o local da
alegria se transforma num campo de guerra, onde todos querem preservar as suas
vidas, no entanto, para o espanto de muitos a fumaça tóxica começava a
aniquilar os que estavam mais próximos e a confusão foi geral.
Todos queriam se salvar e no lugar sombrio a
chama e a fumaça foram dizimando quem estava mais próximo e sem guarida. O fogo
inclemente e a fumaça mortal tomavam conta do local, alguns já debilitados pela
aspiração do veneno pereceram sem encontrar a saída para salvarem suas vidas.
Muitos desmaiavam e um monte de corpos foi se formando, corriam sem direção,
pois estavam atordoados e vencidos pela exaustão descomunal. Portas de
emergência foram procuradas, mas não encontradas, alguns seguranças impediam a
saída, pois queriam que a –comanda- fosse paga.
Outros sem direção foram encontrar a morte
num banheiro solitário sem saída de ar. Eram umas duas mil pessoas num espaço
pequeno, licença vencida, extintor sem funcionar só fizeram piorar os fatos. Uma
cena de terror num espaço onde a pusilanimidade estava presente. O fogo
consumia tudo e não aplacava. Com a presença dos bombeiros e heróis voluntários
as primeiras ações foram iniciadas, paredes derrubadas para facilitar a saída
dos desesperados. Uma ecrã jamais visto, uma destruição total e muitos mortos
no local.
Um futuro brilhante destruído pela
irresponsabilidade do homem que ainda tem traços de animal. A comoção tomou
conta da cidade universitária e a mídia televisiva fazia cobertura e os jornais
do mundo inteiro anunciava o lamentável desastre. Ambulâncias, médicos,
psicólogos, enfermeiros, bombeiros, policiais civis, militares e rodoviários
arriscavam suas vidas para salvar a vida de irmãos aflitos. Os choros
incontrolados de parentes aflitos queriam saber onde estavam seus parentes. O
saldo da aflição foram 231 mortos e mais de cem feridos muitos em estado grave.
Distribuídos por hospitais da região, os mais graves foram encaminhados para a
capital de Porto Alegre, que se transformou em Porto triste.
Autoridades estiverem presentes para dar
apoio fraternal e espiritual às vitimados e familiares. O Brasil está de luto,
a população triste, visto que a cena dantesca quase destrói os corações de
todos. Governador, Presidenta da República, Prefeito da cidade e outras
autoridades estiveram no local e o cenário fúnebre continuou, pois os corpos
foram levados para um ginásio de esportes. Um sepultamento coletivo foi
providenciado e ao cair da noite alguns foram sepultados sob grande comoção.
Deixa-nos Senhor perceber que a paz é impossível sem a certeza de que somos
efetivamente irmãos uns dos outros, com a obrigação de amparar-nos mutuamente.
Faze-nos saber que os mais fortes são o apoio
dos mais fracos, que mais cultos são chamados a instruir os menos cultos, que
não existe bem onde falha a disposição de sanar o mal, tanto quanto não se
concebe luz que se recuse a dissipar as trevas! Senhor auxilia-nos, dai-nos a
misericórdia para que possamos suportar tanta dor. Que as famílias enlutadas
por essa catástrofe sem proporções possam receber a iluminação divinal de seu
coração, para que o sofrimento seja amenizado, pois quem perde entes queridos,
além da solidão e da saudade irão sofrer por muito tempo.
A cena horrível que se desenhou jamais será
esquecida. Uma partida inesperada de 231 pessoas, um desenlace triste para os
que aqui ficam lamentando a ausência de seus entes queridos. Se a felicidade é a alegria de viver é sinal
que algo sempre estará presente na busca sincera dos ideais mais altos. “Ser
feliz não é uma questão de eventos, de estarmos sozinhos ou acompanhados pelos
outros, mas sim, de uma atitude comportamental frente à execução da tarefa que
vivemos desempenhar na Terra”. O real estado de felicidade é sereno e profundo,
não devendo ser confundido com certas efusões de passageiro contentamento que
são bem barulhentas às vezes. Lamentamos com o coração partido o sofrimento de
várias famílias que perderam tragicamente seus familiares, no entanto, pedimos
ao Pai Maior que dê a consolação devida a todos, pois só o tempo amenizará
tanto sofrimento.
A saudade maltrata e dilacera corações.
Pedimos aos anjos celestiais e os guardiões espirituais, que recebam e reservem
um bom lugar para os que deixaram esse orbe e foram habitar em outro mais
espiritualizado. Lá serão tratados pelos médicos das colônias espirituais e se
recuperarão do momento de perturbação que se encontram. Pai amado, Pai querido
consola todas as famílias que perderam entes queridos em situações calamitosas,
como essa de Santa Maria. Amaina os corações sofridos e envia fluidos
magnetizados para aliviar os corações sofredores. A vida é um caminho, ensinava
o sábio chinês Lao-Tsé bem antes da era cristã.
Somos peregrinos neste mundo como diz nosso
confrade Regis de Moraes, e ninguém pode caminhar o meu caminho em meu lugar,
assim como ninguém pode sentir a minha dor por mim ou morrer por mim a minha
morte. O máximo que podemos é ser bons companheiros de romagem, partilhando
alegrias e sofrimentos – comendo do pão repartido. Assim, vemos que sermos peregrinos é uma
condição, e não uma condenação; pois, se nesta experiência reencarnatória
podemos, buscando Jesus, contar com verdade e vida – e com vida em abundância –
vemo-nos contemplados com bela oportunidade existencial.
A morte não existe, pois o espírito se
despoja apenas do invólucro material e automaticamente passa ao mundo
espiritual. Lá com certeza os que partiram estarão bem melhor do que no mundo
de “provas e expiações”. Compartilhamos o sofrimento com todas as famílias
enlutadas informando que Jesus Cristo saberá recompensar a todos. Dois enigmas
se confrontam nesse triste momento, o da vida e da morte, visto que o maior
enigma da vida é a morte e o maior enigma da morte é a vida. Pense nisso!
ANTONIO
PAIVA RODRIGUES- MEMBRO DA ACI- DA ACE- DA UBT- DA AVSPE- DO PORTALCEN-DA
AOUVIRCE E DA ALOMERCE.
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